quinta-feira, 29 de maio de 2008

O rio de Piracicaba

MÁRCIO GEREMIAS

O Rio Piracicaba é um rio brasileiro do Estado de São Paulo. É o maior afluente em volume de água do rio Tietê. É também um dos mais importantes rios paulistas e responsável pelo abastecimento da Região Metropolitana de Campinas e parte da Grande São Paulo.

A Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba estende-se por uma área de 12.000 km², situada no sudeste do Estado de São Paulo e extremo sul de Minas Gerais.

O Rio Piracicaba nasce da junção dos rios Atibaia e Jaguari, no município de Americana. Após atravessar a cidade de Piracicaba, recebe as águas de seu principal afluente, o rio Corumbataí. O rio Piracicaba percorre mais de 100 km de sua formação até a sua foz no rio Tietê, entre os municípios de Santa Maria da Serra e Barra Bonita.

O Piracicaba possui diversos meandros, que transformam o leito sinuoso, porém tranqüilo, apto para a navegação de embarcações de menor porte após a cidade de Piracicaba. Seus meandros são a origem do nome do rio, que em tupi significa "lugar onde o peixe pára".

A Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba localiza-se numa das regiões mais desenvolvidas do Estado de São Paulo, abrangendo importantes municípios, como Bragança Paulista, Campinas, Limeira, Americana, Atibaia, Rio Claro, Santa Bárbara d'Oeste e Piracicaba.

O Piracicaba foi utilizado como rota fluvial de acesso ao Mato Grosso e Paraná no século 18 e cidades como Piracicaba foram fundadas nas suas proximidades.

Ao longo dos séculos 19 e 20, o rio foi utilizado como rota de navegação de pequenos vapores e como fonte de abastecimento para engenhos e fazendas de cana-de-açúcar e café.

Por volta de 1960, o governo paulista decide reforçar o abastecimento de água da Região Metropolitana de São Paulo e constrói diversas represas nas nascentes da Bacia Hidrográfica do Piracicaba, formando, assim, o Sistema Cantareira, maior responsável pelo abastecimento de água de São Paulo, que capta e desvia águas dos formadores do Rio Piracicaba, reduzindo, assim, o nível de água do rio e de seus afluentes.

Por volta de 1980, a industrialização e metropolização de Campinas levam a uma crescente contaminação das águas já escassas do Piracicaba e o rio chega ao século 21 como um dos mais contaminados do país.

Nos últimos anos, a criação de grupos de pressão, maior fiscalização e negociações quanto à reversão das águas feita pelo Sistema Cantareira, além da construção de estações de tratamento de esgoto em algumas cidades, evitaram que o quadro se agravasse ainda mais, porém, o Piracicaba continua registrando águas impróprias para consumo humano e animal em grande parte do seu curso.

A navegação no Piracicaba poderá ser retomada com a construção de uma barragem próxima à foz do rio, em Santa Maria da Serra, que possibilitaria a navegação do rio até as proximidades da cidade de Piracicaba e interligaria a região de Campinas à Hidrovia Tietê Paraná, porém, o projeto ainda não possui previsão de efetivação.

O Rio Piracicaba atravessa uma das regiões mais antigas de ocupação do Estado de São Paulo e está firmemente situado na cultura da cidade de Piracicaba, que cresceu ao longo de suas margens.

Em Piracicaba, diversas festas populares são realizadas às margens do rio; a figura do pescador caipira ainda resiste e a música caipira típica daquela região imortalizou o rio na música Rio de Lágrimas.

Poluição no Rio Piracicaba

De acordo com Rosângela Silva, responsável pela área de comunicação da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) de Piracicaba e Agência Ambiental Unificada de Piracicaba, a poluição no Rio Piracicaba está cada vez pior.

Segundo ela, um rio sem poluição é aquele em que os peixes e as plantas crescem naturalmente, tem águas limpas e cristalinas. Sua água serve para regar plantações, tomar banhos e também para beber. Para um rio ser assim, é preciso que não se jogue lixo, nem esgoto diretamente nele.

Veja os gráficos com os níveis de poluição dos rios da Bacia do Rio Piracicaba

Águas poluídas causam mortes aos peixes

Segundo Rosângela, a poluição da água do Rio Piracicaba se dá pela introdução de materiais químicos, físicos e biológicos que estragam a qualidade da água e afetam o organismo dos seres vivos.

Esse processo vai desde simples saquinhos de papel até os mais perigosos poluentes tóxicos, como os pesticidas, metais pesados (mercúrio, cromo, chumbo) e detergentes.

A poluição mais comum no Rio Piracicaba é aquela causada pelo lixo que o homem joga nos rios. O crescimento da cidade e de sua população aumentou os problemas, porque o tratamento de esgotos e fossas não conseguiu acompanhar o ritmo de crescimento urbano e, com isso, o número de pessoas poluindo os rios aumentou.

Poluição química é umas das que mais preocupam

Produtos químicos e sujeira dos esgotos são jogados diretamente nos rios ou afetam os lençóis d’água que formam as nascentes. O excesso de sujeira funciona como um escudo para a luz do sol, afetando o leito dos rios e seu ciclo biológico. Ou seja, as plantas e animais que neles vivem passam a sofrer problemas.

Por exemplo: o nitrogênio e o fósforo são elementos essenciais para a vida aquática, mas o excesso desses elementos, provocado pela poluição, pode causar um crescimento acelerado na vegetação aquática. Com isso, sobra menos oxigênio, podendo até mesmo matar os peixes daquele rio ou lagoa.

Talvez mais perigosa do que o lixo dos esgotos é a poluição química das indústrias, que jogam toneladas e mais toneladas de produtos químicos diretamente nos rios, sem qualquer processo de filtragem.

Um exemplo dessa poluição é a exploração de ouro nos rios da Amazônia. Usa-se, por exemplo, o mercúrio para separar o ouro de outros materiais. Esse mercúrio, depois de usado, é jogado diretamente nos rios, matando grande quantidade de peixes e plantas. Com isso, nem os seres vivos dos rios podem sobreviver, nem o homem pode usar a água para beber, tomar banho ou regar plantações.

Evitando e combatendo a poluição nos rios

Segundo Rosângela, para evitar poluições nos rios, devemos:

* Não jogar lixos nas águas dos rios,
* Não canalizar esgoto diretamente para os rios,
* Não desperdiçar água, em casa ou em qualquer outro lugar,
* Observar se alguma indústria está poluindo algum rio e avisar as autoridades sobre a ocorrência.
Água: cada vez mais escassa no mundo

Segundo Felipe Rufino Nolasco, professor de Química, a água é fundamental para a vida no planeta e tem se tornado uma preocupação em todas as partes do mundo.

O uso irracional e a poluição de rios e lagos podem ocasionar, em breve, a falta de água doce, caso não ocorra uma mudança drástica na maneira com que o ser humano usa e trata este bem natural.

Os principais fatores de deterioração do Rio Piracicaba, segundo Nolasco, são a poluição e a contaminação por produtos químicos e esgotos.

Doenças causadas pelas águas contaminadas

De acordo com Nolasco, cerca de um milhão de pessoas não têm acesso à água potável. Em razão desses graves problemas, espalham-se diversas epidemias de doenças como diarréia, leptospirose, esquistossomose, hepatite e febre tifóide, que matam mais de 5 milhões de pessoas por ano, sendo que um número maior de doentes sobrecarregam os hospitais e postos de saúde destes países.

Embora muitas soluções sejam buscadas em esferas governamentais e em congressos mundiais, no dia-a-dia, as pessoas podem colaborar para que a água doce não falte no futuro. A preservação, economia e o uso racional da água devem estar presentes nas atitudes diárias de cada cidadão.

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